Quando
os Upanishads se dirigirem a você e declaram: "Tu és Isso", deveria
estar muito claro em sua mente o que o termo 'Tu' significa. Então, apenas
quando isso for apreendido com clareza e receptividade sutil, você poderá
realmente e imediatamente entender o que 'Isso' significa e como essa relação
de unidade é possível. Se você achar que com o termo 'Tu' os Upanishads querem
dizer você que está ouvindo com seus ouvidos e tentando compreender com sua
mente e entender com seu intelecto, então o próprio propósito da declaração será
frustrado. Se para você o termo 'Tu' ainda parece significar uma entidade
física, isso significa que você ainda está se identificando com o corpo, mente
e intelecto. Enquanto você estiver nesse nível de compreensão, os Upanishads falharão
na missão, pois eles não estão se referindo a isso.
Quando
os Upanishads dizem 'Tu', eles não estão utilizando a linguagem humana, mas estão
tentando transmitir uma experiência divina. Eles não estão usando sânscrito,
inglês, hindi ou qualquer outra língua. Eles estão declarando uma experiência
que é imponderável, além do conhecimento da mente ou da apreensão da
inteligência, "de onde todo o discurso retorna à mente, sem conseguir
compreender". Então, se ao invés de tentar entender o termo "Tu"
nesse nível - onde a mente e o discurso não alcançam e retornam incapazes de
compreendê-lo - e você insiste em dar um significado num nível físico e
psicológico, então a implicação oculta de 'Tu' ainda não despontou em você.
Eles não estão dizendo que 'Sr. Fulano' é Brahman. Isso é uma coisa absurda.
Portanto,
primeiro você tem que entender o que é este "Tu" a que eles estão se
referindo quando declaram que "Tu és Isso". Eles não estão se referindo
ao você que é visto, ao você com nome e forma. Eles se referem ao Você que está
oculto, ao desconhecido vidente de tudo que é visto, o conhecedor de todas as
coisas conhecidas. Nessa dimensão, Tu, o vidente oculto de todas as coisas
vistas, é Isso, o que sozinho predomina. Essa é na realidade sua fonte, o seu alfa e ômega - Você,
o invisível Você, que pode conhecer o mundo, mas o mundo nunca poderá
conhecê-Lo. Até mesmo seu pai e sua mãe não podem conhecê-Lo, a menos que eles
já tenham entendido o verdadeiro significado de "Tu és Isso". Há
necessidade de longo estudo, a necessidade de sentar aos pés de um conhecedor
de Brahman e ouvir o que ele tem a dizer sobre Brahman, sobre maya, sobre si
mesmo e sobre seus relacionamentos. Você deve ouvir, refletir e meditar. Dizem
que Roma não foi construída em um dia. Deus não é compreendido nem mesmo em uma
vida, o que falar de um dia. No entanto, eles dizem que Ele pode ser realizado num
piscar de olhos. Como podemos conciliar tais afirmações?
Se
um fósforo seco for riscado contra uma superfície áspera ele imediatamente criará
chama, mas você não pode fazer isso com um palito ou uma bolha de sabão.
Considere a quantidade de trabalho e o número de etapas que se gasta na
fabricação de uma simples cabeça de fósforo. Assim, quando o interior de um
buscador está pronto, totalmente preparado através de anos de estudo, ouvindo a
verdade e ponderando sobre o que foi estudado, em última análise, quando os
Upanishads declaram a você "Isso é Isso", você saberá perfeitamente o
que está implícito, O que significa "Tu". "Eu sou o quarto
estado imutável da consciência, testemunhando calmamente o ciclo sempre
recorrente do despertar, sonhar e dormir. Eu sou o que sou! Consciência é o meu
nome." É este significado que os Upanishads estão tentando falar. Eles
dizem que é a mais sutil de todas as coisas sutis. Você deve fazer sua
consciência alcançar esta sutileza. Se ela ainda está envolvida em dualidades,
em gostos e desgostos, alegria e tristeza, e identificação com o corpo, como
esse nível poderá ser alcançado?
Um sábio disse que compreender
esta verdade é como mastigar amendoim de aço e digeri-los. Não é pouca coisa. É
necessário humildade, clareza de pensamento, para entender claramente o que é
esta verdade e onde você está. Então humildemente, com paciência, diligência força
mental e coragem tente se mover em direção a ela e continuar em movimento. Faça
de sua vida este lento movimento, nunca permitindo que nada o desvie. Isto é sadhana, isto é vida espiritual, isto é
yoga, isto é abhyasa (prática), isto
é meditação - habitando nele, contemplando sobre ele todas as vinte e quatro
horas do dia. Meditação é feita dia e noite, mesmo quando você está trabalhando
ou servindo ou em uma multidão. Se a meditação parar, sua sadhana parou, e seu progresso parou. Você pode estar sozinho
dentro da sua sala de meditação, mas em pensamento você pode estar no meio do
mundo. Portanto, isso não é um jogo; não é uma coisa comum. Requer humildade e
uma compreensão clara de sua identidade real. Então, posicionar-se sobre a questão
do 'Tu' não é absurda. Compreendamos totalmente. Vamos primeiro avaliar nosso
estado atual e ver onde estamos. Então, façamos tudo o que for necessário para
alcançar onde deveríamos estar, se quisermos entender a Realidade, se quisermos
compreender a Verdade.
(Extraído de
sivanandaonline.org – tradução livre)
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