1. O que é
Vida Espiritual?
Há mais de
2,600 num pequeno reino no norte da Índia um jovem rapaz estava à beira de um
despertar espiritual. Ele era um príncipe, protegido de todos os males do
mundo, com todas suas necessidades supridas, ainda que algo nele não estivesse
verdadeiramente satisfeito. Ele ponderou sobre este fato e ao longo do tempo
sua mente tornou-se extraordinariamente clara. Ele viu claramente que nenhuma
felicidade real ou mantida nesta vida é verdadeiramente possível – todas as
coisas passam; tudo é efêmero. Este nosso corpo nasce, sofre e desfruta por um
determinado tempo e então morre. Tudo que amamos e nutrimos e queremos manter
também morre. Este grande príncipe viu claramente que a raiz de nossos vários
sofrimentos na vida era o desejo, porque o apego às coisas que são transitórias
ao final somente nos trará dor. Desejamos e desejamos algo mais, e nunca parece
que estamos plenamente satisfeitos. Nosso apego às coisas que já adquirimos
causa-nos o medo de perdê-las, e então vem a tristeza quando inevitavelmente as
perdemos. Este estado de tristeza parece inevitável enquanto o indivíduo confia
apenas neste mundo material. Que derradeira alegria poderá existir se todas as
coisas desfrutáveis são transitórias, isso sem deixar de mencionar o próprio
desfrutador?
Este
príncipe, claro, foi Siddhartha Gautama – o Senhor Buda, que trouxe ao mundo um
evangelho de libertação do samsara
(ilusão). Ao longo dos séculos muitos outros grandes mestres surgiram e
indicaram as mesmas verdades básicas: este mundo não é nossa verdadeira casa;
existe uma derradeira Verdade que não morre; na base deste mundo de sombra está
um Ser resplandecente.
No início do
século 20 outra grande alma estava à beira do despertar espiritual. Um jovem
médico, chamado Kuppuswami, árdua e generosamente servia ao pobre e ao doente
na Malásia. Repetidas vezes ele lidava com a realidade da condição humana: nascimento,
velhice, doença, sofrimento e então morte. Nem mesmo sua amorosa intervenção
podia prevenir o inevitável sofrimento da circunstância humana. Ele começou a
olhar para sua própria vida de uma forma diferente: "Eu também morrerei
afinal. Para que serve esta vida? Ela serve meramente para se obter, desfrutar
e então obter mais?" Ele ganhou um livro sobre a filosofia Vedanta de um
paciente, e as profundas palavras foram diretamente para o seu coração. Ele
começou a tornar-se cada vez menos interessado no mundo manifestado que se
desenrolava perante seus olhos e que até então detinha sua atenção.
A necessidade de conhecer a absoluta verdade foi suficiente atraente que ele sentiu que deveria mudar de vida e iniciar uma nova dedicada exclusivamente ao propósito da Autorrealização. Isto ele viria a fazer com concentração e infalível perseverança incomum até mesmo entre avançados buscadores espirituais. O antigo Dr. Kuppuswami deixaria a Malásia, e viria para a Índia, tomado a vida de uma errante asceta e mais adiante, in 1924, veio para Rishikesh. Lá ele encontraria seu guru e foi iniciado em sannyas com o nome "Swami Sivananda." Sua busca espiritual culminaria na Iluminação que o livraria da identificação com a mente ou a forma física. Ele tornou-se um sábio iluminado cuja vida e ensinamentos têm servido de guia para milhares de almas buscadoras ao redor do mundo.
Agora, alguém poderá perguntar, o que isto tem a ver com a gente? Podemos olhar para as vidas desses grandes seres e concluir quase que imediatamente que não somos feitos da mesma substância delas. A realização parecer ser muito transcendental e impossível para uma pessoa normal. É para esse evitar casual desculpa que Swami Sivananda demonstra os grandes recursos a sua disposição. “O que um indivíduo pode fazer, outros também podem”, ele diria com tal ênfase que o indivíduo não teria escolha e aceitaria a possibilidade! Ele não omitiu nada: “Eleve-se e faça,” ele insistia, “você é sua essência divina, aqui e agora. Realize esta verdade e liberte-se.”
Para muitos,
aquelas palavras iam direto ao coração.
Para outros, parecia como um sonho impossível sem nenhuma importância. Alguém
poderia dizer que este sentimento de desesperança e dúvida, que é tão comum no
mundo moderno, faz parte da nossa condição atual. Sentimos de alguma forma que
nada que façamos para nós mesmos nos livrará dessa desordem.
Nos países industrializados,
muitas pessoas atingiram um nível de conforto que resta muito pouca necessidade
humana a ser suprida. Ainda para algumas pessoas vivam no meio desta cornucópia
de satisfação sensorial, perece existir uma dúvida persistente. Eles parecem
estar sofrendo a doença do “se ao menos”. A doença do “se ao menos” sempre
deixa o paciente necessitado, não importa o remédio que se obtenha. “Se ao
menos tivesse um emprego melhor, uma nova casa, uma companhia mais amorosa, uma
situação melhor, mais algum dinheiro, estes prazeres, então eu seria feliz.”
Infelizmente, tanto o desejo não satisfeito quanto o satisfeito, passada a
satisfação inicial, o desejo retorna.
Então um
novo “se ao menos...” substitui o anterior, e o paciente volta ao estado
original de anseio não correspondido. Dessa forma, toda a vida se esvai, e
ainda a satisfação nunca vem. Existe em muita gente uma corrente subterrânea de
desapontamento – e até mesmo desespero. Parece não haver uma saída.
Além do mais,
muitos de nós possui um sentimento recorrente de que não sabemos quem
verdadeiramente somos. Nos perguntamos, “Quem sou Eu”, e ninguém na superfície responde totalmente a
pergunta. “Sou um nome, uma pessoa com uma história que possui esta família e
nacionalidade, tenho esse emprego, essa esposa/marido e filhos, estes
interesses, este patrimônio, esses bens, ” e assim por diante, mas de alguma
forma sabemos que tudo isto poderia ser diferente, e não toca o self essencial
que suspeitamos que sejamos. Esse profundo sentimento de “Eu sou” não é
alcançado por meros nomes e categorias da experiência de nosso dia a dia. O
desejo de conhecer a si mesmo verdadeiramente, no mais profundo de nosso ser,
ainda não foi satisfeito.
Uma vez que
a pessoa tenha chegado a esse ponto onde ela verdadeiramente vê sua desagradável
situação e quer mudá-la para alguma coisa de forma substancial, chega a
possibilidade de real crescimento. Essa massa crítica de desapontamento com a
vida superficial, o sincero desejo por mudança e vontade de executar esta
mudança é onde começa a vida espiritual. “Viver a vida espiritual” pode ser
definida em poucas palavras como aspirar conhecer e viver o que é verdadeiro.
Não é uma questão de meramente sentir-se melhor ou encontrar um refúgio
temporário de nossos problemas, ou sentir-se seguro num grupo ou numa
crença. É o desejo bastante sincero de
levar uma vida autêntica que corresponda à verdadeira natureza das coisas. Uma
vez que a pessoa possui o nível de discernimento que permita ele ou ela irá querer
deixar para trás o falso e descobrir o que é verdadeiro, bem, então talvez
metade da batalha já tenha sido ganha.
Para aquelas
pessoas afortunadas, gostaríamos de oferecer algumas sugestões para a prática
espiritual baseadas nos ensinamentos de Swami Sivananda.
(do site Sivanandaonline.org - tradução livre)
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