segunda-feira, 14 de março de 2016



2. Práticas Espirituais

Para aqueles de vocês com suficiente tempo e interesse, sugerimos que vocês cliquem nos links Teachings e Sadhana no topo da página e vá diretamente aos conteúdos (sivanandaonline.org). Você poderia também ir diretamente aos links dos ensinamentos de Swami Sivananda, Swami Chidananda e Swami Krishnananda e ver todos os formidáveis ensinamentos que eles tinham com relação à prática espiritual. Para os que não possuem tempo, acessem diretamente a tudo o que ora fornecemos, o que se segue é um curto encapsulamento do material de informação que você encontrará naquelas páginas.

O principal da prática espiritual talvez seja o mais simples – apenas esteja interessado. Esteja interessado em sua própria vida, isto é, o que ocorreu em sua vida no passado exterior e também nos fenômenos de sua vida interior. Esteja interessado na sua experiência, mas também na sua resposta a sua experiência. Esteja interessado em descobrir a verdade sobre a natureza de seu próprio ser. Esteja interessado em conhecer quem você é em todas as circunstâncias, e especialmente quem você é quando está sob pressão. Quando, por exemplo, sua experiência for um desejo esmagador ou sentir intensa emoção, como você responde a elas? Esteja interessado em ver claramente, e a não ficar satisfeito com suposições confortáveis e normas sociais.

Uma das práticas espirituais mais respeitada é a arte da meditação. A mecânica básica da postura confortável, mas com atenção ao alinhamento da coluna, regulação e aprofundamento da respiração, e a restrição da mente contra o fluxo de pensamentos e fixação em um ponto é bem conhecido são também bastante conhecidas e discutidas em algum lugar. A ideia principal aqui é que a mente é tão frequentemente inquieta e consumida por medo e desejo, e meditação é a ciência de acalmar a mente para que esta agitação se torne mais silenciosa. Uma vez que o indivíduo tenha iniciado a experiência, com a profundidade que a meditação profunda traz, ele é capaz de começar a ver mais o que está além e os incessantes trabalhos da mente. No início, a meditação pode provar ser difícil e desencorajador, porque a mente não se acalma. O indivíduo deve perseverar; mesmo que os benefícios possam não serem evidentes no início, no entanto eles estarão lá. O indivíduo deve se sentar por algum tempo pela manhã, algo em torno de 20-30 minutos, e então novamente à noite em torno da mesma duração e antes que ele se torne muito cansado. O número de vezes que a pessoa se senta para meditar e a duração podem ser aumentadas a medida que o indivíduo se torne mais confortável com a prática.

Swami Sivananda acreditava firmemente na regularidade da meditação e também na manutenção da atitude contemplativa mesmo enquanto na vida diária do indivíduo. Achamos que a mente se torna especialmente distraída quando estamos fazendo as coisas na nossa vida, e para esta finalidade a repetição de um mantra pode ser bastante útil, pois ela pode ser mental enquanto o indivíduo estiver envolvido com as atividades exteriores. Ou, se o indivíduo não se auxiliar da prática do mantra, pode ser simplesmente uma questão de cultivar a consciência profunda e sem distrações no momento presente. Atenção na própria vida é como meditar de olhos abertos. Práticas como yoga asanas (posturas), pranayama (controle da respiração) e estudo regular de literatura podem ser usadas para ajudar a preparar e apoiar a prática da meditação.

Existem todo tipo de temperamentos humanos e portanto todos tipos de práticas diferentes. Os quatro maiores tipos do Yoga – Karma, Bhakti, Jnana, e Raja estão fundadas no fato de que diferentes personalidades e experiências requerem diferentes métodos de abordagem. (Veja o link para Yoga para maiores informações). Gurudev acreditava ao mesmo tempo que deveria existir uma conjugação dessas práticas na Yoga de Síntese. Sem negligenciar nenhuma outra área da prática ou enfatizar demais outra área, o indivíduo pode sabiamente utilizar cada uma na devida medida. Serviço desinteressado (Karma), combinado com amor e devoção a Deus (Bhakti), auxiliado por uma busca para o verdadeiro Conhecimento (Jnana), e disciplinado pelo autocontrole e prática avançada de meditação (Raja Yoga) podem todas juntas conduzir o indivíduo em direção ao mais alto objetivo da Yoga, que é a união com Deus.

Existem quatro palavras em Sânscrito iniciadas com a letra “S” que podem estar unidas num pequeno e bonito “buquê Iogue:” santosha, svadhyaya, satsanga, sadhana, e samadhi. Santosha significa “contentamento,” mas não é o contentamento baseado na satisfação de um desejo ou relaxamento num estado complacente. Se refere contrariamente a uma paz duradoura que surge do repouso na própria natureza do indivíduo. O pré-requisito para santosha é a cultura da ética; o indivíduo deve viver uma vida moral e responsável que reconhece o valor dos outros. A medida que o indivíduo supera os desejos egoístas e medos do ego e as “doenças” que o acompanham, o indivíduo começa naturalmente a experimentar uma paz que vem de seu interior profundo. Esta paz (shanti em Sânscrito, outra palavra com “S”!) é um atributo divino e  jubiloso do estado natural do ser humano.

Svadhyaya é o estudo diário de textos espirituais ou palavras de santos realizados. (Ela pode ser também, num sentido amplo do uso da palavra, auto estudo mediante a inquirição (chamado vichara) sobre a natureza do Self superior. Ela pode tomar a forma de persistente questionamento, “Quem sou eu,” ou alguma outra investigação introspectiva interior.) O exercício não é uma leitura casual ou um pensamento desleixado onde não exista um real envolvimento. O indivíduo estuda esses grandes textos porque eles devem se aplicar a própria vida do indivíduo. Não lemos meramente para engordar a mente e o ego, mas ao contrário, como um meio de trazer mudanças fundamentais em nós mesmos. Na tradição indiana, tais escrituras como o Bhagavad Gita, os Upanishads, o Ramayana, e o Srimad Bhagavatan devem ser intensamente estudadas. Entretanto, esses livros podem não corresponder à sua experiência e interesse. Nesse caso, você deve buscar diligentemente por grandes trabalhos inspiradores em sua própria tradição e tentar ler um pouco cada dia.

A terceira palavra é satsanga (associação com o sábio). O maior aprendizado é a vida dos próprios santos e sábios, e a possibilidade de estar na presença deles é considerado uma grande benção. Este tipo de associação com o sábio serve para elevar a mente e dar encorajamento ao buscador espiritual. O indivíduo em última análise também espera encontrar uma pessoa iluminada como seu guru, por isso é através da satsanga com o guru que a maior instrução é recebida – seja na forma de palavra ou não. Se tal companhia elevada não estiver disponível, a satsanga também pode significar a reunião de devotos sob apoio e instrução de outro.   (“Onde dois ou mais de vocês estiverem reunidos em meu nome, lá também estarei,” disse o Senhor Jesus.) Se não houver disponibilidade daqueles dois, o indivíduo poderá ter satsanga através de grandes textos ou através da invocação da deidade num mantra ou oração.

Sadhana é uma palavra que engloba todas as outras para significar “prática espiritual”. A essência da prática espiritual é que realmente a praticamos! Não é construindo castelos no ar e ficar imaginando que estamos “praticando” quando estamos na verdade fazendo tudo aquilo que gostamos. A verdadeira sadhana acontece porque a intenção do indivíduo é clara – “quero realizar Deus nesta vida, e não serei dissuadido de meu objetivo.” Persistentemente, sem oscilação e com impressionante perseverança o indivíduo se recusa a desistir até que o objetivo final seja alcançado. Qualquer que seja a prática individual, a chave é que ela seja conduzida com confiança e entusiasmo.

O termo final à primeira vista não é aquele que normalmente poderia estar numa introdução para iniciantes. É samadhi e significa “União com Deus.” O que um buscador a longo prazo, muito menos um novato, pode tirar de um conceito como este? Samadhi significa absorção no verdadeiro Self no qual o ego individual funde-se com o Eterno. Quem é capaz de conceber um estado como este? A própria ideia nos faz fugir de medo! “Oh meu Deus, desistir de meu ego! Não, obrigado!” No entanto, é de fato apropriado que esta palavra surja aqui. Devemos entender desde o início que nosso objetivo definitivo não é meramente sentir-se melhor, ou não ser infeliz, ou apenas ser uma versão melhor de nós mesmos; não, o objetivo da sadhana é retornar ao lugar no qual realmente nunca deixamos. Gurudev dizia que o homem é essencialmente um ser divino e sua essência mais profunda é o Self. Estamos, então, ainda que no início, numa viagem de autodescoberta que finalmente nos trará de volta para nosso verdadeiro Self. 

 (do site Sivanandaonline.org - tradução livre)

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