domingo, 6 de outubro de 2013

YOGA DA SABEDORIA


O corpo é composto pelos cinco elementos e é ignorante. É feito de pele, carne, sangue e ossos. É criado pelo tempo, ação e atributos de Sattwa, Rajas e Tamas.
O Atma é não nascido, não morre, nem pára ou vai a lugar algum. Não é masculino nem feminino ou neutro. É todo penetrante e de duração eterna. É um sem um segundo, sem mácula como o éter, eterno, puro e perfeito conhecimento em si mesmo.
Tristeza tem sua raiz no corpo. O corpo possui Karmas por sua própria causa. A ação ou Karma origina no homem com a noção de “Eu” que é ignorante, é eterno, tendo por Avidya sua principal causa. O egoísmo está sempre associado com a reflexão de Chit como um pedaço de ferro aquecido pelo fogo. Então o corpo torna-se independente com Ahamkara e torna-se possuidor de inteligência.
“Eu sou o corpo” – esta noção surge devido à conexão entre o Self e Ahamkara. A vida mundana que é fonte de prazer e de dor tem a sua raiz na ideia do “Eu” no corpo, em razão dessa identificação do Atma que não se modifica com Ahamkara com a noção de “Eu sou o corpo, eu sou o autor da ação”, a alma individual sempre atua e é forçadamente presa aos resultados. Possuidor de virtude e vício ele vagueia para cima e para baixo. “Certamente tenho feito muito bom trabalho através de sacrifício, doações e outras coisas, e deverei  ir para o céu e desfrutar de felicidade lá – assim ele pensa. Com a mesma falsa ideia de desfrutar no céu de felicidade celestial por algum tempo, ele cai após esgotado seus feitos meritórios.
Enquanto existir conexão entre Ahamkara ou o princípio do egoísmo e o resto com o corpo e os órgãos sensoriais, existirão prazeres e dores e existência transmigratória para o self do Conhecedor. Ahamkara é a ideia de “Eu” e “Meu” nos corpos sutil e grosseiro. O ignorante fica preso ao corpo. Eles não podem se elevar acima do sentido de “eu” e “Meu” no corpo grosseiro. A discriminação eleva-se um pouco acima por meio do conhecimento.

Samsara ou a causa da vida mundana existe enquanto existir qualquer pensamento dos objetos dos sentidos. Quando o indivíduo se disperta após o sono de ignorância substituindo o irreal pelo Real, então ele se auto afirma. O Samsara que tem sido imposto falsamente ao Self não sai de si mesmo, que como uma pessoa num sonho desfruta dos objetos dos sentidos.
A não existência aparece devido à força sem início e fim de Avidya ou ignorância. O homem se agita devido ao apego e à aversão. O sentido de “Eu” é o resultado da ignorância.
A mente é em verdade o mundo. A mente é a escravidão. A superimposição ou identificação da mente com o Atma que é a causa da escravidão.
Como um pedaço de cristal que é de fato sem cor é colorido de vermelho ou outra cor por objeto que seja colocado em contato, assim também é o processo do mundo ou Samsara devido ao contato do Self com o intelecto e os órgãos dos sentidos. A mente não pode reconhecer a si própria, sem o conhecimento do Self que está por trás dela. O Self, por outro lado, tomando os objetos criados pela mente como a si próprio, toma a forma do próprito objeto como um pedaço de cristal quando em contato com objetos coloridos, e portanto torna-se atado aos atributos desses objetos e vagueia em Samsara como impotente e indefeso.
Tendo primeiro criado os atributos de apego e aversão às ações de diversos tipos, a mente assume diversas formas, como o branco, vermelho e preto (o bom, o ativo e o passivo). Neste caminho, o Jiva ou a alma individual vagueia através das influências do Karma até o tempo da dissolução universal. Quando ocorre a dissolução universal, o Self sobrevive com os Vasanas tomando as impressões dos Karmas por ele atraídos sobre a influência da eterna Avidya.
Quando ocorre a dissolução universal, não ocorre a dissolução da alma individual. Ela permanece em estado latente no Mula Prakriti ou Avyakta, que é a condição de equilíbrio de todas as três Gunas. No momento da reação, ele nasce novamente juntamente com os Vasanas nascidos da mente. Dessa forma ele é forçado a voltar como uma roldana usada para puxar água do poço.
Quando por meio de mérito especial adquirido por bons Karmas no passado, ele consegue a companhia de  devotos religiosos, então sua mente tornar-se-á direcionada para o Senhor. Então é criada a fé nele que é muito difícil de se alcançar, ouvindo estórias contadas sobre o Senhor. Então surge nele sem qualquer problema o Conhecimento do Self. Então através da graça do preceptor, como também do Conhecimento do significado da grande sentença, “Tat Twam Asi,” “Tú és Esse” e de outras, e suas próprias experiências, ele imediatamente compreenderá a distinção entre o corpo, os órgãos dos sentidos, o egoísmo e o puro Atman e conhecerá a si mesmo como sendo o inteligente e bem aventurado Self que é um sem um segundo e mais adiante se libertará.
Conheça a si mesmo, portanto, separe-se dos três corpos de Prakrit e vá além de Prakrit. Abra mão da sensação de “Eu” no corpo e torne-se um sábio. Compreenda o seu próprio self para se libertar dos estados de vigilia, sonho e sono profundo, como Verdade, Conhecimento e Bem Aventurança Absoluta.
Não coopere com a mente em suas más divagações. Gradualmente a mente ficará sob seu controle. Se a mente disser “Quero comer guloseimas hoje” diga para ela “Não cooperarei com você hoje. Não comerei guloseimas. Comerei somente pão e dal.”

(God Realisation - p. 58/60)

Nenhum comentário:

Postar um comentário