terça-feira, 5 de julho de 2016



13. O Aparente Mundo dos Objetos

As coisas não são o que elas aparentam ser, e nada é o que parece ser. A história é uma prova da impossibilidade definitiva de se confiar em algo que é feito visível aos olhos. O conhecimento filosófico é o despertar de uma nova luz do interior, que ajuda o indivíduo a iluminar os cantos escuros da terra, e tenta  ver as coisas em suas cores verdadeiras, ao invés do seu aspecto camaleônico – como formas e aparências.
O universo é feito mais do que é oculto, coisas invisíveis do que se possa conceber. Não é meramente o que se apresenta aos olhos. Há um mistério por trás a ser revelado. Sempre se imagina que a felicidade vem das coisas do exterior, dos objetos do sentido. Isto não é verdade. Este fato deve sempre se ter em mente. Nossas satisfações não surgem do apego aos objetos. Por outro lado, alegrias resultam da harmonia com as coisas. Quanto mais o homem encontra-se em harmonia com o mundo exterior, igualmente, sem qualquer pressão excessiva exercida sobre nenhuma parte, mais ele estará feliz. O conhecimento obtido por meio dos sentidos, obtido por meio da percepção, está limitado à estrutura dos órgãos dos sentidos. Se os órgãos fossem constituídos de uma forma diferente, o quadro que eles poderiam apresentar seria uma coisa completamente diferente.
Nos confundimos com esses cinco sentidos em tudo. Existem outros elementos no objeto que os sentidos não são capazes de contatar. Suponhamos que tivéssemos mil sentidos, poderíamos ver muitas outras coisas no mundo. É evidente que poderia ser fútil depender dos órgãos dos sentidos para obter o correto conhecimento. Nenhum deles poderia ser totalmente confiável, porque estariam limitados. Nada pode ser conhecido examinando-se os objetos por meio das ações relativas dos sentidos que mudam de acordo com a estrutura espaço-temporal dentro da qual eles podem atuar.
Se o homem vivesse numa ordem espaço-tempo diferente, ele certamente não seria um ser humano como é agora. Se espaço e tempo não estivessem lá para distinguir um objeto do outro, absolutamente não seriam conhecidas aquelas coisas que existem. A influência condicionante do espaço e tempo é tal que nada poder ser conhecido exceto como algo presente no tempo e espaço.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

12. O Que É Verdadeiramente Religião

A completa reação do homem inteiro ao todo do universo é religião. Poderíamos também seguir a partir desta reflexão que religião inclui o todo da vida, e não meramente um segmento da vida; A religião geralmente não está associada com o todo da vida do indivíduo; ela é mantida nos bolsos e tirada somente quando o indivíduo entra num templo, vai à igreja, ou senta-se perante um homem santo. Religião é um sacrifício. É a dedicação do self. A religião não se esgota com a oferenda de algum objeto ao Deus conceitual. Religião é algo que consiste puramente de experiência, e, portanto, não pode ser explicada em termos empíricos. A religião é a mais elevada experiência possível do homem, a compreensão das profundezas do espírito do próprio indivíduo, em cujo ato o indivíduo entra em contato com a verdadeira essência do cosmos. O progresso da consciência religiosa de um nível a outro é uma ascensão das totalidades. Sempre que o indivíduo sente como contemplando um objetivo religioso nas meditações ou numa prece, o indivíduo deve primeiro de tudo assegurar a si próprio que o todo o self está lá pronto para se encontrar com a completa realidade.

Quando o indivíduo entra na consciência religiosa, em qualquer nível que seja, ele é totalmente conduzido. O espírito fica num estado de arrebatamento. O indivíduo permanece então num grande mar de deleite, porque o todo que está acima tenta puxá-lo para fora dos níveis inferiores nos quais o indivíduo encontra-se envolvido. Isto é como se o âmago da individualidade do indivíduo estivesse sendo extraído de sua concha. Quando a religião se apodera do homem, ela o retira totalmente de seus enredamentos parciais das guloseimas do mundo da mente e dos sentidos. Ele é arrastado para fora da lama, quando a consciência religiosa o inunda.