segunda-feira, 25 de junho de 2012

A IMPORTÂNCIA DO YOGA

Swami Chidananda*

Para um Sadhaka a mente é arqui-inimiga no desenvolvimento da consciência espiritual. É a mente que representa o maior obstáculo em seus diversos aspectos, como desejo, Vikshepa ou instabilidade, etc. Se a mente estiver absolutamente estável, obtém-se a luz do Atman plenamente refletida. Ahamkara (ego), nossa pequena personalidade que se auto-arroga não nos permite perceber nossa natureza essencial. O processo da memória (Smriti) também é um grande obstáculo. Avichara-Buddhi juntamente com os vários aspectos da mente acima descritos, são como um grande assassino do Atman. A consciência do Atman é impedida de se manifestar. Há uma irresistível tendência do pensamento transformar-se em ação e toda ação se tornar um hábito na natureza do homem, e quando os hábitos são constantemente satisfeitos eles tornam parte integrante da sua natureza.

Todo o comportamento do homem está baseado em seu caráter. Toda a ação se torna semente fecunda que reagirá mais tarde. A medida que ele vive, ele constrói a superestrutura de toda a ação que se tornará seu destino. Assim, descobrimos como o pensamento do homem governa o seu destino e também a importância de se selecionar o pensamento, o correto pensar e evitar o pensamento errado. Na ciência do Yoga, o princípio da técnica visa paralisar todas as funções que estão na raíz das atividades da mente, no entano, já estamos presos às suas amplas ramificações na forma de gostos, desgostos, imaginação, fantasias e pensamentos. Portanto, antes de irmos para a raiz, precisamos destruir essas ramificações. Suponha que você queira caçar um leão. Antes de qualquer coisa a gente tem que passar pela selva para finalmente chegar ao seu esconderijo. Chitta-vritti é a toca do leão da mente, e primeiro você deve cortar todas as suas manifestações na forma de ódio, inveja, etc, e toda sorte de ações erradas, causadas ​​por pensamentos errados, devem ser corrigidos. É uma forma de estreitar o raio de ação de nosso ataque afim de que possamos atingir o alvo.

Portanto, para reduzir o grande poder de extroversão da mente, o sábio Patanjali deu iniciou a exposição do Yoga e fê-lo de forma muito científica e metódica. Além da natureza racional do homem possuir um self embrutecido que o puxa para baixo, existe sua natureza espiritual essencial, e no meio temos o Manushya Buddhiyukta, o indivíduo que é capaz de pensar como estando dotado de uma mente. Assim, no centro está o ser dotado com a capacidade de pensar que o distingue do mundo das espécies sub-humanas que não podem pensar.

Além de concluir o estudo da natureza essencial do homem, o sábio Patanjali fez um estudo do homem como composto na realidade e chegou à conclusão acima. Ele fez o estudo do homem universal, não do homem Hindu ou Muçulmano, mas o homem constituído como ele é quando criado na terra e continuará a ser até o último dia de sua existência. Ele descobriu que primeiro e acima de tudo, ele é essencialmente pura Existência. O homem é essencialmente Espírito. Ele é uma entidade espiritual, e isso é evidente à qualquer um que pense. O princípio fundamental do homem é o seu Ser. Ninguém pode imaginar a si próprio como um não-ser, pois se tiver que imaginar a si próprio como um não-ser, deverá existir um ser para imaginar isso, e logo, aquele que poderá imaginar é o próprio Ser afinal. O fundamental princípio eterno do homem é Existência. Ele É. Eu existo. Eu sou pura Existência, Ser puro, Kevala Sat, e esta parte essencial do homem é a parte fundamental da sua personalidade. O sábio Patanjali, em seguida, descobriu que este fato fundamental está em algum lugar no interior, enquanto a primeira coisa que aparece para o homem quando ele vê um outro homem é o seu ser físico.

A idéia que temos de ser humano se limita apenas a sua forma, aparência e características. Então, o sábio Patanjali disse que existe o físico, o revestimento grosseiro do homem. Aquele é um aspecto do homem e dentro dele existe um homem que pensa. Existe o aspecto mental do ser, o revestimento mental. As idéias ocorrem, pensamentos surgem, e o ser começa a pensar e como resultado o corpo é levado a atuar de forma a expressar o pensamento. Toda a vida do homem está compreendida por expressões de seus pensamentos e estas expressões ocorrem na forma de várias ações, e então eis o homem que pensa. Ele disse que entre estes corpos existe uma conexão. Entre o homem pensante e o homem que atua existe a força da ação. Existe uma eletricidade interna peculiar invisível, por assim dizer, que faz com que o homem atue. Esta força que anima o ser humano, sem a qual todos os sentidos ficariam absolutamente incapazes de qualquer atividade, é o Prana Shakti. O olho consegue ver por meio da energia do Prana. O ouvido ouve, devido a energia do Prana. A língua fala através da energia do Prana.

No momento da morte, quando o Prana se retira, se inicia o processo de partida. A morte significa a saída do Prana do corpo. Então, na verdade todos nós somos apenas cadáveres se movimentando e falando. Quando o Prana vai embora, nos tornamos absolutamente imóveis, pois o Prana que movimenta o corpo, atua, come, desfruta, etc. Tudo isso ocorre devido ao Prana Shakti. Este é o terceiro aspecto do homem e por trás dele como o motor de tudo está o puro Self, “Eu sou". Mas ocorre uma estranha confusão. Você toma a si próprio e identifica-se com a mente, e começa a pensar sobre si mesmo como sendo parte integrante da mente, embora em raros momentos, inconscientemente, você afirme sua independência, sua natureza de testemunha. Quando você diz, “Minha mente está inquieta", você inconscientemente admite que você é alguém e a mente é algo que você possui. Então, você é diferente da mente quando você faz tais afirmações como "Minha mente está inquieta", “Eu não posso controlar minha mente", etc Estas são expressões espontâneas de sua verdadeira natureza. Então o revestimento do corpo físico, o revestimento Prânico e o Mental, - estes três aspectos do ser são temporários, passageiros, superficiais e não são os aspectos essenciais do ser, e o aspecto essencial é o Ser em si. Você é a própria Existência pura, não nascida, e eterna - Ajo Nityah Sasvatoyam Puranah. Muito antes que a mente se manifestasse você já existia. O estudo do homem como ele é na realidade, como o centro do puro Ser coberto pelo revestimento da mente, corpo Prânico e pelo corpo físico grosseiro é o processo conhecido por prática do Yoga. Daí Yoga é a única maneira para realizar a sua própria verdadeira natureza.

(Extraído do Livro Guidelines do Ilumination)






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