terça-feira, 2 de maio de 2017

28. Compreendendo - Thou Art That


Quando os Upanishads se dirigirem a você e declaram: "Tu és Isso", deveria estar muito claro em sua mente o que o termo 'Tu' significa. Então, apenas quando isso for apreendido com clareza e receptividade sutil, você poderá realmente e imediatamente entender o que 'Isso' significa e como essa relação de unidade é possível. Se você achar que com o termo 'Tu' os Upanishads querem dizer você que está ouvindo com seus ouvidos e tentando compreender com sua mente e entender com seu intelecto, então o próprio propósito da declaração será frustrado. Se para você o termo 'Tu' ainda parece significar uma entidade física, isso significa que você ainda está se identificando com o corpo, mente e intelecto. Enquanto você estiver nesse nível de compreensão, os Upanishads falharão na missão, pois eles não estão se referindo a isso.

Quando os Upanishads dizem 'Tu', eles não estão utilizando a linguagem humana, mas estão tentando transmitir uma experiência divina. Eles não estão usando sânscrito, inglês, hindi ou qualquer outra língua. Eles estão declarando uma experiência que é imponderável, além do conhecimento da mente ou da apreensão da inteligência, "de onde todo o discurso retorna à mente, sem conseguir compreender". Então, se ao invés de tentar entender o termo "Tu" nesse nível - onde a mente e o discurso não alcançam e retornam incapazes de compreendê-lo - e você insiste em dar um significado num nível físico e psicológico, então a implicação oculta de 'Tu' ainda não despontou em você. Eles não estão dizendo que 'Sr. Fulano' é Brahman. Isso é uma coisa absurda.

Portanto, primeiro você tem que entender o que é este "Tu" a que eles estão se referindo quando declaram que "Tu és Isso". Eles não estão se referindo ao você que é visto, ao você com nome e forma. Eles se referem ao Você que está oculto, ao desconhecido vidente de tudo que é visto, o conhecedor de todas as coisas conhecidas. Nessa dimensão, Tu, o vidente oculto de todas as coisas vistas, é Isso, o que sozinho predomina. Essa é na realidade sua fonte, o seu alfa e ômega - Você, o invisível Você, que pode conhecer o mundo, mas o mundo nunca poderá conhecê-Lo. Até mesmo seu pai e sua mãe não podem conhecê-Lo, a menos que eles já tenham entendido o verdadeiro significado de "Tu és Isso". Há necessidade de longo estudo, a necessidade de sentar aos pés de um conhecedor de Brahman e ouvir o que ele tem a dizer sobre Brahman, sobre maya, sobre si mesmo e sobre seus relacionamentos. Você deve ouvir, refletir e meditar. Dizem que Roma não foi construída em um dia. Deus não é compreendido nem mesmo em uma vida, o que falar de um dia. No entanto, eles dizem que Ele pode ser realizado num piscar de olhos. Como podemos conciliar tais afirmações?

Se um fósforo seco for riscado contra uma superfície áspera ele imediatamente criará chama, mas você não pode fazer isso com um palito ou uma bolha de sabão. Considere a quantidade de trabalho e o número de etapas que se gasta na fabricação de uma simples cabeça de fósforo. Assim, quando o interior de um buscador está pronto, totalmente preparado através de anos de estudo, ouvindo a verdade e ponderando sobre o que foi estudado, em última análise, quando os Upanishads declaram a você "Isso é Isso", você saberá perfeitamente o que está implícito, O que significa "Tu". "Eu sou o quarto estado imutável da consciência, testemunhando calmamente o ciclo sempre recorrente do despertar, sonhar e dormir. Eu sou o que sou! Consciência é o meu nome." É este significado que os Upanishads estão tentando falar. Eles dizem que é a mais sutil de todas as coisas sutis. Você deve fazer sua consciência alcançar esta sutileza. Se ela ainda está envolvida em dualidades, em gostos e desgostos, alegria e tristeza, e identificação com o corpo, como esse nível poderá ser alcançado?

Um sábio disse que compreender esta verdade é como mastigar amendoim de aço e digeri-los. Não é pouca coisa. É necessário humildade, clareza de pensamento, para entender claramente o que é esta verdade e onde você está. Então humildemente, com paciência, diligência força mental e coragem tente se mover em direção a ela e continuar em movimento. Faça de sua vida este lento movimento, nunca permitindo que nada o desvie. Isto é sadhana, isto é vida espiritual, isto é yoga, isto é abhyasa (prática), isto é meditação - habitando nele, contemplando sobre ele todas as vinte e quatro horas do dia. Meditação é feita dia e noite, mesmo quando você está trabalhando ou servindo ou em uma multidão. Se a meditação parar, sua sadhana parou, e seu progresso parou. Você pode estar sozinho dentro da sua sala de meditação, mas em pensamento você pode estar no meio do mundo. Portanto, isso não é um jogo; não é uma coisa comum. Requer humildade e uma compreensão clara de sua identidade real. Então, posicionar-se sobre a questão do 'Tu' não é absurda. Compreendamos totalmente. Vamos primeiro avaliar nosso estado atual e ver onde estamos. Então, façamos tudo o que for necessário para alcançar onde deveríamos estar, se quisermos entender a Realidade, se quisermos compreender a Verdade.


(Extraído de sivanandaonline.org – tradução livre)

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