Tempos
atrás, havia um escritor que viajava com frequência a Índia e que uma vez veio visitar
o Ashram. O título de um de seus livros era “A Terra de 10.000 Budas”. Um
título significativo! Sabemos de apenas um Buda, o único histórico
"Despertado", que fez seu advento há mais de 2.500 anos. Ele nasceu
em uma família real, cresceu em luxo, se casou com uma bela princesa e tiveram
um menino. Não se podia imaginar uma vida mais idílica. No entanto, lentamente,
um despertar surgiu em seu coração e mente. Ele teve visões que o colocaram pensando
profundamente na vida e no que ela representa. Todo o seu ser foi incendiado por
esta luz de despertar, enquanto ele ponderava profundamente o que tinha visto e
o que ele tinha sido capaz de sentir e entender. O momento de virada lançou-o num
vasto reino numa busca ao desconhecido. Da comodidade do luxo real, ele foi
para a floresta em busca de algo que o levaria além da tristeza. O caminho deveria
levá-lo à bem-aventurança suprema onde a tristeza deixaria de existir. Pois ele
viu este mundo como uma bola de fogo quente dentro e por fora. Ele percebeu que
não existe um pingo de felicidade aqui. É um lugar de inveja, ciúme, ego,
raiva, frustração, ódio e uma centena desses estados.
Tais
estados psicológicos atormentam o Ser que, na verdade, está supremamente acima
e além desses estados, intocado por qualquer condição psicológica, a Realidade imutável
que é a grande quietude, a grande paz. Aquele Ser afastou-se dessa experiência
e envolveu-se em coisas que acontecem numa parte muito, muito mais profunda da
personalidade humana. O indivíduo afasta-se do seu centro e se enreda no
não-Eu. Sankaracharya descreve esse processo em sua grande e inspirada obra,
Vivekachudamani. Ao descer para um estado de identificação com o não-Ser, em
vez de permanecer sempre em seu próprio Ser, a consciência entra num plano
inferior devido à ilusão, devido à falta de discriminação correta, devido à
falta de distinção entre o eterno e o não-eterno. Devido a esse equívoco
original, esse pecado original de nos identificarmos com o não-Eu e de nos
envolver neste universo de "coisas", nos permitimos nos sujeitar às
aflições que surgem desse ego inexistente. O ego, que não é nada, parece ser
tudo por causa do poder que lhe é dado pela nossa identificação com ele.