terça-feira, 6 de junho de 2017

31 . É O QUE VOCÊ É E FAZ QUE CONTA

É o que você é que conta aos olhos de Deus. É o que você faz que frutifica, não aquilo que você conhece. Você possivelmente deve conhecer a estória de Narada que não tinha paz de espírito mesmo quando pensava que soubesse tudo que pudesse ser conhecido. Ele levou seu problema a Santkumara: “Aprendi tudo que pudesse ser aprendido. Possuo um vasto conhecimento, mas contudo, estou sofrendo, não tenho descanso ou paz interior.” Sanatkumara respondeu, “O que você estudou? O que você aprendeu? Que conhecimento adquiriu?” A resposta de Narada foi uma narrativa de todos os livros sagrados que então existia. Então Narada disse, “Seus estudos são admiráveis, seu conhecimento é louvável, mas o Supremo é alcançada vivendo a vida indicada nas escrituras.” O Atman não pode ser aprendido através de discursos, ou pela audição de grande número de exposições. Por isso, se desejamos ser altamente abençoados, se realmente queremos aquele supremo, uma experiência indescritível que lhe confere paz, alegria e bem-aventurança, então devemos viver a vida como os grandes indivíduos viveram e nos ensinam. Siga os passos dos grandes seres; viva até mesmo como eles viveram, e você alcançará o mesmo estado abençoado e divina perfeição, e libertação. Assim nos foi dito.

Às vezes surge o pensamento: “qual a finalidade de tanto discurso e tanto falatório. Dakshinamurti ensinava em silencio; o grande mestre Jesus não se dirigia a grandes audiência – todo o registro de suas palavras cabem num livreto; o Senhor Buda viveu mais tempo e muitas palavras foram escritas sobre Sua vida e passagens, mas Seus verdadeiros ensinamentos somente preenchem um pequeno volume.” Mas, então, seus ensinamentos foram armazenados nos corações humanos e novamente são revividos, imbuídos com nova força com o passar do tempo. Pois seus ensinamentos eram práticas. Nova vida tem sido continuamente dada a seus ensinamentos, infundidos neles, por aqueles que sabiam que é o que somos e o que fazemos que produz resultados. São aqueles que deram o passo de se fazerem a si mesmo personificações desses grandes ensinamentos, praticando-os em toda sua extensão em suas vidas ativas, no dia a dia da vida, que tornaram suas palavras uma realidade vivida por nós ainda hoje.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

30. Permaneça em Si Mesmo

A parte mais íntima de seu ser, a essência real, o princípio fundamental e eterno de seu ser é idêntico ao supremo e cósmico Espírito Divino universal. Não é de modo algum diferente, pois o Espírito Universal é a fonte, o substrato e a plenitude, o próprio material da alma individual. Mas algo foi acrescentado a ele, então há uma dualidade. Os fatores acrescentados não alteram de modo algum a divindade essencial e mais íntima do Princípio Divino. Ele permanece o mesmo, invariável. Pois é a realidade, e a realidade não muda. A realidade é sempre a mesma. Há dentro de você uma realidade imutável, além de um aditivo temporário, em constante mudança, que limita sua consciência, o torna incapaz de sentir sua realidade em toda sua glória e grandeza. Esses fatores adicionados que limitam seu Eu real são referidos como acessórios limitadores ou upadhis. São os cinco órgãos da ação, os cinco pranas, os cinco órgãos internos da percepção e o quádruplo instrumento interno do pensamento, sentimento, memória e intelecto.

Você deve ser capaz de perceber claramente essa dualidade. Nisto reside a chave para a libertação e bem-aventurança. Nisto reside a solução para todos os problemas que você pode estar enfrentando. Pois, praticamente tudo o que irá molestar, aborrecer e incomodar está na parte do seu ser constituída por esses acessórios limitadores. Em seu verdadeiro Eu, a parte interna de sua dualidade, não existe problema, nenhum problema de qualquer tipo. Essa parte mais íntima é um centro de bem-aventurança, alegria, paz e serenidade. Lá você encontra a cessação de todos os dissabores e tudo o que o faz sofrer. Eles não existem no seu Eu verdadeiro. Eles são apenas o jogo, os vários humores e modos desta metade exterior. Se você puder pensar profundamente sobre isso e perceber a verdade de que tudo o que torna o ser humano miserável neste plano terrestre pertence apenas à metade terrena desta dualidade, enquanto a solução para tudo isso está na metade interior, na eterna e espiritual metade divina desta dualidade, você irá perceber de repente com surpresa, que dentro do problema está a solução. De repente você se alegrará na realização; "Para todos as moléstias que estou sofrendo, eu sou a solução, eu sou a solução! Se eu praticar a sadhana de ser eu mesmo, de permanecer na minha realidade, então eu estou aplicando a solução e solucionando todos os problemas. Esta sadhana de ser Eu mesmo, num instante irá me libertar de tudo que constitui este samsara ".

quinta-feira, 4 de maio de 2017

29. O Reino dos 10.000 Despertares


Tempos atrás, havia um escritor que viajava com frequência a Índia e que uma vez veio visitar o Ashram. O título de um de seus livros era “A Terra de 10.000 Budas”. Um título significativo! Sabemos de apenas um Buda, o único histórico "Despertado", que fez seu advento há mais de 2.500 anos. Ele nasceu em uma família real, cresceu em luxo, se casou com uma bela princesa e tiveram um menino. Não se podia imaginar uma vida mais idílica. No entanto, lentamente, um despertar surgiu em seu coração e mente. Ele teve visões que o colocaram pensando profundamente na vida e no que ela representa. Todo o seu ser foi incendiado por esta luz de despertar, enquanto ele ponderava profundamente o que tinha visto e o que ele tinha sido capaz de sentir e entender. O momento de virada lançou-o num vasto reino numa busca ao desconhecido. Da comodidade do luxo real, ele foi para a floresta em busca de algo que o levaria além da tristeza. O caminho deveria levá-lo à bem-aventurança suprema onde a tristeza deixaria de existir. Pois ele viu este mundo como uma bola de fogo quente dentro e por fora. Ele percebeu que não existe um pingo de felicidade aqui. É um lugar de inveja, ciúme, ego, raiva, frustração, ódio e uma centena desses estados.

Tais estados psicológicos atormentam o Ser que, na verdade, está supremamente acima e além desses estados, intocado por qualquer condição psicológica, a Realidade imutável que é a grande quietude, a grande paz. Aquele Ser afastou-se dessa experiência e envolveu-se em coisas que acontecem numa parte muito, muito mais profunda da personalidade humana. O indivíduo afasta-se do seu centro e se enreda no não-Eu. Sankaracharya descreve esse processo em sua grande e inspirada obra, Vivekachudamani. Ao descer para um estado de identificação com o não-Ser, em vez de permanecer sempre em seu próprio Ser, a consciência entra num plano inferior devido à ilusão, devido à falta de discriminação correta, devido à falta de distinção entre o eterno e o não-eterno. Devido a esse equívoco original, esse pecado original de nos identificarmos com o não-Eu e de nos envolver neste universo de "coisas", nos permitimos nos sujeitar às aflições que surgem desse ego inexistente. O ego, que não é nada, parece ser tudo por causa do poder que lhe é dado pela nossa identificação com ele.

terça-feira, 2 de maio de 2017

Curso de Pizza & Pães Integrais - 7 de maio de 2017


28. Compreendendo - Thou Art That


Quando os Upanishads se dirigirem a você e declaram: "Tu és Isso", deveria estar muito claro em sua mente o que o termo 'Tu' significa. Então, apenas quando isso for apreendido com clareza e receptividade sutil, você poderá realmente e imediatamente entender o que 'Isso' significa e como essa relação de unidade é possível. Se você achar que com o termo 'Tu' os Upanishads querem dizer você que está ouvindo com seus ouvidos e tentando compreender com sua mente e entender com seu intelecto, então o próprio propósito da declaração será frustrado. Se para você o termo 'Tu' ainda parece significar uma entidade física, isso significa que você ainda está se identificando com o corpo, mente e intelecto. Enquanto você estiver nesse nível de compreensão, os Upanishads falharão na missão, pois eles não estão se referindo a isso.

Quando os Upanishads dizem 'Tu', eles não estão utilizando a linguagem humana, mas estão tentando transmitir uma experiência divina. Eles não estão usando sânscrito, inglês, hindi ou qualquer outra língua. Eles estão declarando uma experiência que é imponderável, além do conhecimento da mente ou da apreensão da inteligência, "de onde todo o discurso retorna à mente, sem conseguir compreender". Então, se ao invés de tentar entender o termo "Tu" nesse nível - onde a mente e o discurso não alcançam e retornam incapazes de compreendê-lo - e você insiste em dar um significado num nível físico e psicológico, então a implicação oculta de 'Tu' ainda não despontou em você. Eles não estão dizendo que 'Sr. Fulano' é Brahman. Isso é uma coisa absurda.